roupa suja lava-se me casa
numa das raras conversas em contexto de família, abordou-se hoje o ultimo programa da revolta dos pasteis de nata. começou-se obviamente por criticar a má-educaçao aflitiva para já não falar da completa incoerência de argumentos do nosso mais que musicalmente talentoso jose cid. na sucessão lógica da conversa falou-se numa das temáticas do programa que consistia na adopção de crianças por parte dos homossexuais.
mal eu tenho a ideia (in) feliz de questionar muito ao de leve o valor ético-moral que possa ou não legitimar tal conduta, saltam para meu grande espanto 3 enormes vultos na minha direcção como se eu tivesse acabado de dizer a maior barbaridade de sempre. neste súbito rosnar de vozes em que nem sequer me foi permitido expor um contra-argumento, ouvi num eco já longínquo que os homossexuais deviam ser presos, mortos e enforcados. (de notar que o enforcar vem depois do morto o que suscita a meu ver um aspecto hilariante do castigo a que algumas almas estarão sujeitas aquando da sua purificação).
nestes segundos já alheios em que me dirijo para o quarto extremamente revoltada, grito no fundo do corredor :"pois olhem eu sou bissexual por isso também me podem enforcar se quiserem... "
(comentário absurdamente infantil dado o contexto, mas que me espantou por ter sido dito com tanta naturalidade e coragem) e fecho a porta do quarto.
no exacto momento a seguir - porque isto foi uma cena de deliciosos 4 minutos- a minha mãe abre-me a porta do quarto e profere uma das frases que me deixou mais estúpida/ boquiaberta ate hoje (quase ao nível da cena que ambas protagonizamos quando aos 13 anos fui apanhada com fumo a sair-me da boca e muito atrapalhada disse que era do incenso e ela me respondeu "tu e a mania das espiritualidades..." recusando-se a acreditar que eu fumava) pois bem desta vez, ela entra até demasiadamente democrata no quarto -tendo batido à porta primeiro- e pergunta-me se a toalha que tinha deixado na casa de banho era para lavar porque ia agora por a maquina.
e eu com um fraterno e ajuizado sorriso disse que sim, afinal nao ia deixar a maquina à espera.
só me resta concluir que adoro a liberdade de não ser levada a sério.
mal eu tenho a ideia (in) feliz de questionar muito ao de leve o valor ético-moral que possa ou não legitimar tal conduta, saltam para meu grande espanto 3 enormes vultos na minha direcção como se eu tivesse acabado de dizer a maior barbaridade de sempre. neste súbito rosnar de vozes em que nem sequer me foi permitido expor um contra-argumento, ouvi num eco já longínquo que os homossexuais deviam ser presos, mortos e enforcados. (de notar que o enforcar vem depois do morto o que suscita a meu ver um aspecto hilariante do castigo a que algumas almas estarão sujeitas aquando da sua purificação).
nestes segundos já alheios em que me dirijo para o quarto extremamente revoltada, grito no fundo do corredor :"pois olhem eu sou bissexual por isso também me podem enforcar se quiserem... "
(comentário absurdamente infantil dado o contexto, mas que me espantou por ter sido dito com tanta naturalidade e coragem) e fecho a porta do quarto.
no exacto momento a seguir - porque isto foi uma cena de deliciosos 4 minutos- a minha mãe abre-me a porta do quarto e profere uma das frases que me deixou mais estúpida/ boquiaberta ate hoje (quase ao nível da cena que ambas protagonizamos quando aos 13 anos fui apanhada com fumo a sair-me da boca e muito atrapalhada disse que era do incenso e ela me respondeu "tu e a mania das espiritualidades..." recusando-se a acreditar que eu fumava) pois bem desta vez, ela entra até demasiadamente democrata no quarto -tendo batido à porta primeiro- e pergunta-me se a toalha que tinha deixado na casa de banho era para lavar porque ia agora por a maquina.
e eu com um fraterno e ajuizado sorriso disse que sim, afinal nao ia deixar a maquina à espera.
só me resta concluir que adoro a liberdade de não ser levada a sério.
3 Comments:
É incrível como a tua infantilidade genuína arrasta atrás de si uma consciencialização pouco infantil... sem deixares nunca de ser criança deixando de ser a todo o momento... sendo não sendo! porventura, seras isso mesmo... o ser que não é e é! a inexistência da existência ... o surrealismo do próprio sonho verdadeiro!
essas tuas palavras mergulham-me em estados de alma que nao consigo sequer transpor quanto mais definir.
é abslutamente fantastico o poder intriseco da palavra. as minhas interpelam-te, as tuas tocaram-me.
começando a conversa à volta desse grande senhor da música popular portuguesa estavas à espera que desse para o quê a charla? se vais chafurdar na lama é obvio que a roupa acaba suja. Estou mesmo a ver a reacção da tua família à grande revelação: 1ºencolher os ombros 2ºcontinuar a comer. é verdade que poucas vezes se juntam mas quando o fazem sai sempre algum episódio hilariante.
ps - não dizer mal do josé cid é simplesmente uma tortura mas como estou a tentar tornar-me uma pessoa mais tolerante aqui vai uma contribuição para a divulgação do seu património artístico:
http://www.youtube.com/watch?v=ZgRn69nWT04
estejam atentos à letra aos 40sec e ao 1h25. Vale mesmo a pena!
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