Tuesday, October 30, 2007
Saturday, October 27, 2007
Soooo proud of my country
Vem o ditador russo: honras de estado.
?!?!?
Monday, October 22, 2007
Soirées .be
Salientando posso referir o primeiro fim-de-semana que aqui passei, que correspondeu ao aniversário da rainha. Os museus eram gratuitos e estavam abertos até mais tarde e durante toda a noite houve centenas de mini-concertose em praças e pseudo-praças da capital em honra de la Reine Paola. Ela agradeceu e nós também.
Outra boa noite foi a "Nocturne de l'ULB". Como era a festa da universiade estava à espera de uma noite agradável. Nada, aquilo de festa não tinha nada. Era no mínimo dos mínimos um festival. Não havia um palco, eram 5. Pólo pop-rock, pólo reggae/hip-hop, pólo electro, pólo jazz e pólo musique del monde. Pelo meio centenas de barraquinhas que vendiam cachorros, café, ..., e sobretudo frites e cerveja, muita cerveja.
No fim-de-semana seguinte foi a Nuît Blanche aqui de Bruxelas. Este conceito já é mais conhecido. Este ano houve aqui, em Paris, em Roma, Londres, etc. Básicamente há concertos e actividades durante toda a noite e todo o comércio ao redor destas actividades também se mantém aberto. Foi giríssimo. Andamos como parasitas por toda a cidade, fizemos inclusivé uma visita guiada pelos esgotos da cidade (ideia dos suiços, gente estranha esta) e depois acabamos no parque da cidade onde havia um festival house. Dj's rodavam entre si e à nossa volta desenrolavam-se actividades circenses. Depois, pequeno-almoço gratuito nas Galeries Royales.
E assim se passam estas noites. Já fomos também algumas vezes ao Delirium que é um bar mesmo no centro que tem nada mais nada menos que mais de 2000 tipos de cerveja. A carte completa nunca a pedi, normalmente só os alemães se dão ao trabalho. Nous, avec des foies normales, contentamo-nos com a mini que já por si só é uma dor de cabeça.
E pronto, fico à vossa espera para explorar os barzinhos de St. Gèry, sem dúvida a minha parte favorita da cidade.
Friday, October 19, 2007
kaki king .be
Kaki King - Gay Sons of Lesbian Mothers
Thursday, October 18, 2007
O Haver - Vinicius
Possivelmente o poema que mais me arrepiou até hoje.
Para ler e ouvir.
E perceber que ás vezes apenas isto basta.
O Haver
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
– Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história...
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...
Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.