Recordações: conversando com...
Aqui está uma entrevista que fiz ,a propósito de um trabalho para a cadeira de jornalismo no 4 ano da Universidade. Achei que tinha alguma graça publicar no nosso blog. Penso que é a primeira vez que a estás a ler... ;P
Peço que não liguem à formatação do texto mas ao passar para o blog ficou assim.
Catarina Soveral um nome a fixar na nova geração de poetas portugueses
Catarina Soveral tem apenas 20 anos mas tem já um livro editado. “Pijama de Deus” é um novo livro que nos leva a uma poesia de sarcasmos e contrastes . Há quem diga que é uma escrita bastante pesada, mas ao percorrer as páginas do livro, podemos encontrar também as mais puras palavras de alguém que é ainda muito jovem.
MJ: Porquê a escolha do título” Pijama de Deus”?
Catarina Soveral (CS): Em primeiro lugar este título surgiu há algum tempo. É uma metáfora em relação à nudez. Como é o meu primeiro livro sinto que me despi e me expus pela primeira vez. Depois, pelo sentido mais caricato de Deus. Usamos o pijama para dormir, é algo simples, imperfeito. O meu livro é puro, e é também por isso imperfeito.
MJ: Deus é um elemento importante na escrita da Catarina?
CS: Acredito em Deus. Não sou católica mas acredito numa entidade superior. Sinto que é Deus que me transmite as ideias. Está sempre no meu inconsciente. A vida é Deus
MJ: Como surgiu o livro?
CS: Este livro é uma compilação de toda a minha adolescência não foi um livro pensado.
Participei num concurso da editora corpos. Surgiu a oportunidade de publicar o livro e eu escolhi os que tinha mais interessantes. É um resumo toda a minha adolescência dos 12 aos 21 anos..
MJ: Poeta ou Poetisa?
CS: Poeta porque para mim esta palavra não tem género.
MJ: Considera-se uma poeta?
CS: Sim. Há os que nascem poetas e as que gostam de se considerar poetas. Sempre gostei de escrever e sempre fiz poesia. É uma forma de estar. Ou és ou não és. É sentir aquilo que se escreve.
MJ: Tem poemas em Inglês. Isso deve-se ao facto de ter vivido durante um ano em Inglaterra ou foi mais uma forma que encontrou para se reinventar na escrita?
CS: Sou apaixonada pela língua portuguesa e como é muito difícil é um desafio maior. O Inglês surge porque estudei em Inglaterra e senti a necessidade de mostrar aos que viviam lá a minha poesia. Foi uma experiência. Foi uma língua mais fácil de trabalhar o que tem alguma graça por não ser a minha língua materna. Mas tenciono sobretudo escrever em Português. Foi mais uma forma de experimentar algo novo. O meu “eu” poético e o meu eu pessoal são indissociáveis, por isso tive a necessidade de mostrar às pessoas mais próximas de Inglaterra a minha poesia e por isso fiz alguns poemas em inglês.
MJ: Dedica o livro ao seu avô. De que forma é que ele a marcou a nível literário?
CS: O meu avô era muito carismático. Era um professor de Filosofia, um filósofo contemporâneo português. Eu nunca li nada dele e agora que estou a frequentar o curso de Filosofia irei fazê-lo porque me sinto mais preparada.
Mas foi sobretudo pelo carisma e humildade que me transmitiu. Nunca foi apologista do luxo mas deu sempre valor aos bens essenciais que nos fazem feliz. Foi um homem que acima de tudo acreditava na ética e era um sábio.
MJ: Qual é dos poemas, que estão no livro, que gosta mais?
CS: É complicado. É difícil escolher um…vou ter de pegar no livro (risos).
Toda a gente escolhe poemas diferentes. Talvez o que está na contra capa do livro “ satirizo-me no ridículo da minha poesia”.
MJ: Quais são os projectos da Catarina neste momento?
CS: Frequento o curso de filosofia e estou a escrever um guião para uma curta-metragem num registo um pouco autobiográfico mas dotado de extrema ficção. É um desafio e estou muito motivada e confiante.
Gostava voltar a Inglaterra e terminar o curso de jornalismo que deixei para trás, e gostava de fazer vários tipos de jornalismo e continuar a escrever, claro.
MJ: A poesia é o género de escrita que gosta mais e onde se sente mais à vontade?
CS: Sou ambiciosa e gostava de explorar a escrita também fora da poesia. Prosa poética, crónicas, escrever para peças de teatro, cinema e romances.
MJ: Tem alguma referência? Alguém que a inspire a escrever?
CS: Nunca me guiei por ninguém. Sou autodidacta. Neste livro lembrei-me muito de bateristas de bandas e de vocalistas como o dos Nirvana. Sempre me identifiquei com Fernando Pessoa e gosto muito de Al Berto, Natália Correia…o surrealismo da poesia.
MJ: E o que pensa do estado da poesia em Portugal?
CS: Somos tradicionalmente um país de poetas e é pena o Governo não apoiar mais, que não haja tanto dinamismo de forma a estimular a escrita. Há muita gente a escrever bem. A arte só faz sentido se for partilhada.
Sou muito egocêntrica. É inevitável não escrever sobre mim. A escrita começou por ser um desabafo.
Reconheço que a minha poesia se torna limitada por isso.
MJ: Morte às regras é uma das frases de um dos seus poemas… gostas de fugir às regras? E isso reflecte-se de que forma na poesia da Catarina?
CS: A minha escrita é hiperbólica porque a minha escrita é uma forma de despejar as minhas emoções em palavras. Posso planear um homicídio e fazê-lo através das palavras sem ser condenada por isso, e daí que leve tudo ao exagero. Há uma explosão no papel daquilo que não posso fazer na vida real.
Sempre fui muito rebelde… Como diz um dos meus poemas: nunca gostei de ser uma ovelha de ser uma ovelha que diz mé ao lobo que os outros julgam ser demasiado mau.
MJ: Sei que o desenho que está na capa do livro foi feito pela Catarina. Foi especialmente feito a pensar neste livro?
CS: Sempre gostei muito de arte e um dia tinha um exame da escola e comecei a desenhar. Este foi o meu primeiro desenho. Até agora nunca fiz mais nenhum. Sempre achei que estava de acordo com aquilo que escrevo.
MJ: Como convencia alguém a comprar o livro?
CS: É um livro introspectivo, é forte e para pessoas que não tenham medo de desterrar as coisas que tenham dentro delas. É sobretudo para quem gosta de poesia. É pós surrealista. Tem temas fortes e de alguém, perturbações mentais a nível poético.
É importante deixar a literatura “big brother” e ser um pouco mais ambiciosas. Ir mais além.
“Um poeta quer-se vagabundo e deambula voluntariamente na ambiguidade do seu destino
Um poeta quer-se vagabundo e faz-se homem para ser peregrino”
in Pijama de Deus
Peço que não liguem à formatação do texto mas ao passar para o blog ficou assim.
Catarina Soveral um nome a fixar na nova geração de poetas portugueses
Catarina Soveral tem apenas 20 anos mas tem já um livro editado. “Pijama de Deus” é um novo livro que nos leva a uma poesia de sarcasmos e contrastes . Há quem diga que é uma escrita bastante pesada, mas ao percorrer as páginas do livro, podemos encontrar também as mais puras palavras de alguém que é ainda muito jovem.
MJ: Porquê a escolha do título” Pijama de Deus”?
Catarina Soveral (CS): Em primeiro lugar este título surgiu há algum tempo. É uma metáfora em relação à nudez. Como é o meu primeiro livro sinto que me despi e me expus pela primeira vez. Depois, pelo sentido mais caricato de Deus. Usamos o pijama para dormir, é algo simples, imperfeito. O meu livro é puro, e é também por isso imperfeito.
MJ: Deus é um elemento importante na escrita da Catarina?
CS: Acredito em Deus. Não sou católica mas acredito numa entidade superior. Sinto que é Deus que me transmite as ideias. Está sempre no meu inconsciente. A vida é Deus
MJ: Como surgiu o livro?
CS: Este livro é uma compilação de toda a minha adolescência não foi um livro pensado.
Participei num concurso da editora corpos. Surgiu a oportunidade de publicar o livro e eu escolhi os que tinha mais interessantes. É um resumo toda a minha adolescência dos 12 aos 21 anos..
MJ: Poeta ou Poetisa?
CS: Poeta porque para mim esta palavra não tem género.
MJ: Considera-se uma poeta?
CS: Sim. Há os que nascem poetas e as que gostam de se considerar poetas. Sempre gostei de escrever e sempre fiz poesia. É uma forma de estar. Ou és ou não és. É sentir aquilo que se escreve.
MJ: Tem poemas em Inglês. Isso deve-se ao facto de ter vivido durante um ano em Inglaterra ou foi mais uma forma que encontrou para se reinventar na escrita?
CS: Sou apaixonada pela língua portuguesa e como é muito difícil é um desafio maior. O Inglês surge porque estudei em Inglaterra e senti a necessidade de mostrar aos que viviam lá a minha poesia. Foi uma experiência. Foi uma língua mais fácil de trabalhar o que tem alguma graça por não ser a minha língua materna. Mas tenciono sobretudo escrever em Português. Foi mais uma forma de experimentar algo novo. O meu “eu” poético e o meu eu pessoal são indissociáveis, por isso tive a necessidade de mostrar às pessoas mais próximas de Inglaterra a minha poesia e por isso fiz alguns poemas em inglês.
MJ: Dedica o livro ao seu avô. De que forma é que ele a marcou a nível literário?
CS: O meu avô era muito carismático. Era um professor de Filosofia, um filósofo contemporâneo português. Eu nunca li nada dele e agora que estou a frequentar o curso de Filosofia irei fazê-lo porque me sinto mais preparada.
Mas foi sobretudo pelo carisma e humildade que me transmitiu. Nunca foi apologista do luxo mas deu sempre valor aos bens essenciais que nos fazem feliz. Foi um homem que acima de tudo acreditava na ética e era um sábio.
MJ: Qual é dos poemas, que estão no livro, que gosta mais?
CS: É complicado. É difícil escolher um…vou ter de pegar no livro (risos).
Toda a gente escolhe poemas diferentes. Talvez o que está na contra capa do livro “ satirizo-me no ridículo da minha poesia”.
MJ: Quais são os projectos da Catarina neste momento?
CS: Frequento o curso de filosofia e estou a escrever um guião para uma curta-metragem num registo um pouco autobiográfico mas dotado de extrema ficção. É um desafio e estou muito motivada e confiante.
Gostava voltar a Inglaterra e terminar o curso de jornalismo que deixei para trás, e gostava de fazer vários tipos de jornalismo e continuar a escrever, claro.
MJ: A poesia é o género de escrita que gosta mais e onde se sente mais à vontade?
CS: Sou ambiciosa e gostava de explorar a escrita também fora da poesia. Prosa poética, crónicas, escrever para peças de teatro, cinema e romances.
MJ: Tem alguma referência? Alguém que a inspire a escrever?
CS: Nunca me guiei por ninguém. Sou autodidacta. Neste livro lembrei-me muito de bateristas de bandas e de vocalistas como o dos Nirvana. Sempre me identifiquei com Fernando Pessoa e gosto muito de Al Berto, Natália Correia…o surrealismo da poesia.
MJ: E o que pensa do estado da poesia em Portugal?
CS: Somos tradicionalmente um país de poetas e é pena o Governo não apoiar mais, que não haja tanto dinamismo de forma a estimular a escrita. Há muita gente a escrever bem. A arte só faz sentido se for partilhada.
Sou muito egocêntrica. É inevitável não escrever sobre mim. A escrita começou por ser um desabafo.
Reconheço que a minha poesia se torna limitada por isso.
MJ: Morte às regras é uma das frases de um dos seus poemas… gostas de fugir às regras? E isso reflecte-se de que forma na poesia da Catarina?
CS: A minha escrita é hiperbólica porque a minha escrita é uma forma de despejar as minhas emoções em palavras. Posso planear um homicídio e fazê-lo através das palavras sem ser condenada por isso, e daí que leve tudo ao exagero. Há uma explosão no papel daquilo que não posso fazer na vida real.
Sempre fui muito rebelde… Como diz um dos meus poemas: nunca gostei de ser uma ovelha de ser uma ovelha que diz mé ao lobo que os outros julgam ser demasiado mau.
MJ: Sei que o desenho que está na capa do livro foi feito pela Catarina. Foi especialmente feito a pensar neste livro?
CS: Sempre gostei muito de arte e um dia tinha um exame da escola e comecei a desenhar. Este foi o meu primeiro desenho. Até agora nunca fiz mais nenhum. Sempre achei que estava de acordo com aquilo que escrevo.
MJ: Como convencia alguém a comprar o livro?
CS: É um livro introspectivo, é forte e para pessoas que não tenham medo de desterrar as coisas que tenham dentro delas. É sobretudo para quem gosta de poesia. É pós surrealista. Tem temas fortes e de alguém, perturbações mentais a nível poético.
É importante deixar a literatura “big brother” e ser um pouco mais ambiciosas. Ir mais além.
“Um poeta quer-se vagabundo e deambula voluntariamente na ambiguidade do seu destino
Um poeta quer-se vagabundo e faz-se homem para ser peregrino”
in Pijama de Deus
9 Comments:
No mínimo berlusconiano. lol.
LOOOOOOOOOL
nao estou a acreditar nisto!!!...
foi absolutamente memorável, fomos as duas pa saxe num domingo a noite, tu tiveste o teu momento barbara guimaraes e eu o meu momento de estrela. entretanto o novo empregado gordo da saxe a olhar pa nos como se tivessemos as duas doidas.
lolol hilariante. a tua e a minha primeira entrevista.
ADOREI... ;)
btw que foto infeliz é esta q tu foste arranjar?!
sinto-me virtualmente sisnistra!!!...
Caros leitores, eu sou infinitamente mais atraente ao vivo. worry not
A fotografia é do ano passado em moledo, no mesmo ano em que te fiz a entrevista.
Não te preocupes cadela... na formatação original a foto saiu a a preto e branco! lolol
ah outra coisa... não digas q foi um momento bárbara guimarães pq eu n posso com essa mulher!
lolol a barabara representa o insolito das figuras publicas portuguesas. cerca-se de um certo elitismo mundano que nao me desgrada totalmente.
preto e branco?! as cores eram a unica coisa que nao me fazia parecer totalmente um feto abortivo, ja que era verao e eu estava pelo menos morena...
(...)
bom, acho que quem nao me conhece poderá sempre corroborar com a tese de que deus à partida é justo na distribuição de atributos...
a única questao é que essa seria talvez uma assumpçao incorrecta já que neste caso, ele foi mesericordiamente generoso!...
-senhor, tende piedade, pois eles não sabem o que dizem...
;P
gosto especialmente do trato por você!
bem tantas comentários! cadela 2 estás com inveja? para a próxima tb te faço uma entrevista! lol
xxxxxxiiiiiiiii.... até brilhas no escuro. para quando a compilação 23-32 (nova inversão de numeros)?
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