Friday, August 24, 2007

Fotossíntese



Sai. Não te quero a entrar por essa porta de profecias.
Corre. Quero que corras longe
até te doerem as pernas do absolvimento sem causas.

Sofre neste balão de oxigénio que agora te empresto. Aguenta-te, comporta o asfixiar suportável do abandono. Quero-te feliz a implorar pelo ar esgotado que hoje tão eloquentemente te roubo.

Vai e experimenta a tirania absurda dos sorrisos de cólera.
Solta-te
liberta-te do entulho empanturrado dos dias, absorve o caos enormemente perfeito do mundo.

Vai e não te prendas com o aguçar desmascarado das palavras. Ou com sentimentos em vão traídos na esfera da saudade. Eu própria te concedo o dom do alumínio plastificado.
Vai e corre longe.
Sofrerás divertido na fuga, na neve branca e próspera dos olhares de cocaína. Serás um mártir das moléculas embebidas de descontentamento.

Vai e desliza nesse prosperar insólito de malmequeres cor-de-rosa.
Ilude-te com a virgindade das flores e dança
com as borboletas. Sim, eu própria também já as vi. Podes até rir-te com elas.
Quero-te longe. Fora das promessas emancipadas de dor.
Vai e corre longe. Um dia abrir-te-ei a porta naquele chiar demorado do tempo que diz tudo.

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