Ode à Cadela
Ladra cintilante a cadela
Num conspurcar faminto de cinderela
Ladra ofegante na lapela
A cinderela com fome de cadela
Ladra gatuna no praguejar dos pássaros
Faz do fado gesto farsante
ócio em febril fortuna
É a vedeta no canil protestante da tribuna
um só capricho na elegância dos mil passos…
Tem nariz de bruxaria
Fareja o mundo com fantasia
Por entre a monarquia uma vira-lata.
É feliz na demagogia,
Na preguiça democrata.
Arrasta-se miserável pela multidão
Cadela que morde não mata
Faz da sua santidade a lata
Vagabundagem e expiação.
Ás vezes estuda medicina,
Os recursos dos humanos,
Outras lê platão.
É do osso da galinha
O seu melhor chanceler
Cadela que é cadela
Puxa pela cabecinha
Come com os olhos a vizinha
E devora-lhe o que mais tiver.
Cadela pra ser cadela
Conferencia com a sua maminha
Cadela sabe que é mulher.
Vive no desassossego do mundo
e no seu avant-garde prevaricador
Tem na sua escola a charrua
A nossa cadela vive nua
E mija na campa do senhor.
É obra da rua, não tem pudor.
É uma cadela, só lhe faz um favor.
E quando a cadela reza,
Faz da sua fraqueza o altar
Cadela reza mas não põe a mesa
Mastiga o beco parlamentar
Cadela olha sempre à despesa
Na freguesia do invulgar
É uma cadela portuguesa com certeza
Ai que com certeza que é uma cadela
portuguesa. Não faz cerimónias ao jantar.
Mas cadela que é cadela
Faz de si a sua refeição mais distinta.
O mundo será a utopia rodopiada na janela
O sopro na fome de não se ser extinta.
Ser gente é ser mais forte
É ser-se cadela faminta.
Catarina Abranches de Soveral
Um grande, Enorme ano para as 3.
culpa in abstracto ; hermenêutica ; la putain respecteuse
Num conspurcar faminto de cinderela
Ladra ofegante na lapela
A cinderela com fome de cadela
Ladra gatuna no praguejar dos pássaros
Faz do fado gesto farsante
ócio em febril fortuna
É a vedeta no canil protestante da tribuna
um só capricho na elegância dos mil passos…
Tem nariz de bruxaria
Fareja o mundo com fantasia
Por entre a monarquia uma vira-lata.
É feliz na demagogia,
Na preguiça democrata.
Arrasta-se miserável pela multidão
Cadela que morde não mata
Faz da sua santidade a lata
Vagabundagem e expiação.
Ás vezes estuda medicina,
Os recursos dos humanos,
Outras lê platão.
É do osso da galinha
O seu melhor chanceler
Cadela que é cadela
Puxa pela cabecinha
Come com os olhos a vizinha
E devora-lhe o que mais tiver.
Cadela pra ser cadela
Conferencia com a sua maminha
Cadela sabe que é mulher.
Vive no desassossego do mundo
e no seu avant-garde prevaricador
Tem na sua escola a charrua
A nossa cadela vive nua
E mija na campa do senhor.
É obra da rua, não tem pudor.
É uma cadela, só lhe faz um favor.
E quando a cadela reza,
Faz da sua fraqueza o altar
Cadela reza mas não põe a mesa
Mastiga o beco parlamentar
Cadela olha sempre à despesa
Na freguesia do invulgar
É uma cadela portuguesa com certeza
Ai que com certeza que é uma cadela
portuguesa. Não faz cerimónias ao jantar.
Mas cadela que é cadela
Faz de si a sua refeição mais distinta.
O mundo será a utopia rodopiada na janela
O sopro na fome de não se ser extinta.
Ser gente é ser mais forte
É ser-se cadela faminta.
Catarina Abranches de Soveral
Um grande, Enorme ano para as 3.
culpa in abstracto ; hermenêutica ; la putain respecteuse
posted by culpa in abstracto at 9:05 AM
7 Comments:
ÁMEN!!!Adorei este poema da cadelice mas tenho de referir três coisas, que não posso deixar em branco:
1º - que o nosso anonimato foi posto em causa com as fotografias! Além disso o que é feito do direito à imagem?! agr os caninos que por nós passam na rua já nos vão reconhecer! ;P
2º- nessa foto eu devia ter pra aí uns 17 anos.... ( a tua e a da outra cadela estão bem mais actualizadas)
3ª- "Ás vezes estuda medicina,
Os recursos dos humanos(??????!!!!!),
Outras lê platão". Para que fique bem claro quando andava na faculdade tirei "comunicação social" e não recursos humanos...! embora por vezes estas áreas tenham certos pontos em comum, são distintas!
Posto isto não tenho mais nada a acrescentar!
Um bem haja a todas as cadelas! Bom ano a todos!
rien a dire! c'est vraiment super!
como eu adoro as minhas cadelas...
eu sabia que a cadela rafeira ia reclamar... depois de um poema soberbo destes, tu vens me falar da tua foto que nao estava actualizada?!! acredita que daquia uns anos, qd tiveres o dobro da celulite que tens hoje, tu vais implorar por essas fotos naíves de 19...
outro ponto, achei por bem também premiar os nossos leitores com uma configuracao humana das nossas identidades, nao temo no entanto com isto assedios desmedidos na rua e outras coisas que tais...
em relacao ao seu percuros curricular e respectivas confusoes, gostaria de relembrar que escrever poesia tem ainda um certo je ne sais quois de dificuldade, e eu confesso que me vi grega para arranjar uma rima só com comunicacao social, acessoria, publicidade e multimédia... peco desculpa por essa pequena incompetencia...
fico no entanto agradecida pelo Amén, pareceu-me uma rendição justa ao previamente exposto.
quanto à la putain, para quando a bicicleta?!
podem pelo menos dar-me a bencao do génio incompreendido.
Tudo de bom para vocês! Não percam a irreverente cadelice que vos caracteriza. O melhor pedigree que podem apresentar é serem rafeiras!
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Um grande ano para vocês, com muitos posts...Um beijinho especial (perdoem-me as outras 2) para a cadelinha aventureira Pat.! Saudade!
CB
LOL.. um génio incompreendido... há com cada cadela.
Há cadelas tão cadelas
que até fazem poema e refrão
a latir ou a escrever
o que conta é chamar a atenção.
lololo. Não sou um génio insuportável, atrasado, despreocupado e incompreendido, mas vocês percebem a mensagem.
Um bom ano a cadelas. Aquelas que já "me" suportaram os devaneios, aquelas que ainda vão suportar, e aquela que eu suporto. lolo Beijão pa ti, linda.
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